Portugal e o Império do Monomotapa
By Enciclopédia de História
O Império do Monomotapa
Key Concepts: Império do Monomotapa, Sofala, Comércio de ouro, Influência Portuguesa, Domínio Banto Shona, Rio Zambeze, Colonização Tardia, Cultura Moçambicana.
Origem e Localização
O Império do Monomotapa surgiu no século XV nos planaltos ao sul do Rio Zambeze, abrangendo a área do atual Zimbábue e partes de Moçambique. Era um império com uma capital governada pelo Mo Mutapa e vários reinos tributários, exercendo domínio sobre povos bantos de língua Shona.
A Presença Portuguesa em Sofala
Em 1505, os portugueses construíram a Fortaleza de Sofala com a concordância do chefe local. Sofala era crucial para o comércio de ouro, essencial para Portugal pagar pelas especiarias e produtos do Oriente. O ouro vinha tanto de São Jorge da Mina (África Ocidental) quanto do Monomotapa.
Comércio de Ouro e Disputas
O Império do Monomotapa era rico em ouro, trocado em Sofala com comerciantes islâmicos por produtos como os panos de Cambaia. Inicialmente, os portugueses disputaram o acesso ao ouro com os comerciantes islâmicos, um conflito que durou quase 100 anos. Eventualmente, os portugueses eliminaram a concorrência islâmica em Sofala e no Rio Zambeze, estabelecendo feitorias para o comércio com o interior.
Relação com o Monomotapa e o Caso de Gonçalo da Silveira
Em 1561, o Monomotapa aceitou ser batizado pelo Padre Jesuíta Gonçalo da Silveira. No entanto, a falta de diplomacia de Silveira, que recusou presentes do Monomotapa, levou à sua condenação e execução. O corpo do padre foi entregue aos crocodilos.
A Expedição de Dom Sebastião e seu Fracasso
Em 1571, Dom Sebastião enviou um exército de cerca de 1000 homens para vingar a morte de Silveira. A expedição, liderada pelo vale do Zambeze, foi um desastre. Os cavalos morreram devido à mosca tsé-tsé, e os homens foram dizimados por febres antes de chegarem à sede do Monomotapa. Este fracasso evidenciou a fraqueza do exército português em terra.
Estratégia Portuguesa: Comércio e Vassalagem, não Colonização Inicial
Inicialmente, Portugal não pretendia a territorialização do sudeste africano. Era proibido aos trabalhadores da Fortaleza de Sofala casar com mulheres africanas, ao contrário do que era incentivado no Brasil e em Goa. O foco era o ouro, marfim e escravizados. A estratégia era submeter o Monomotapa e torná-lo vassalo, o que foi alcançado em 1629. A partir daí, o Monomotapa tornou-se um monarca tributário do Rei de Portugal.
Declínio da Produção de Ouro e Fim do Império
A produção de ouro do Monomotapa, inicialmente significativa, diminuiu com o esgotamento do ouro de aluvião em meados do século XVII. O Império do Monomotapa durou até o século XVII, sendo substituído por outro reino. No Vale do Zambeze, Portugal já exercia o mando direto.
Colonização Tardia e Conflitos com Cecil Rhodes
Na segunda metade do século XIX, Portugal partiu para a territorialização do atual Moçambique, pretendendo também englobar a Zâmbia e o Zimbábue. Entrou em conflito com os interesses de Cecil Rhodes, que conquistou a Zâmbia e o Zimbábue. Portugal fez o mesmo tardiamente em Moçambique.
Legado Cultural Português em Moçambique
Apesar dos altos e baixos nos mais de três séculos de relação, Portugal manteve os poderes locais tão avalados quanto possível. A maior conquista portuguesa foi a formatação da cultura moçambicana, uma parte rica da portugalidade, refletida na língua, costumes e cultura. Isso se deveu à rebeldia dos chefes da Fortaleza de Sofala e à ação de figuras como Antônio Fernandes, que estabeleceu o primeiro contato entre Portugal e o Monomotapa. Milhares de portugueses, incluindo degredados e aventureiros, povoaram a região, especialmente as áreas que hoje compõem Moçambique, criando uma cultura de matriz portuguesa.
Síntese/Conclusão
O Império do Monomotapa foi um importante centro de comércio de ouro na África Austral, atraindo a atenção dos portugueses desde o início do século XVI. A relação entre Portugal e o Monomotapa passou por diversas fases, desde conflitos militares até a vassalagem do Monomotapa ao Rei de Portugal. Embora a colonização territorial tenha ocorrido tardiamente, o legado mais duradouro da presença portuguesa na região é a cultura moçambicana, que se tornou uma parte rica e integrante da portugalidade.
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