ESQUISTOSSOMOSE - PARASITOLOGIA | Biologia com Samuel Cunha
By Biologia com Samuel Cunha
Key Concepts
Esquistossomose (Barriga d'água, Xistose, Doença do Caramujo, Bilharziose), Schistosoma mansoni, Platelmintos, Trematoda, Dimorfismo Sexual, Hospedeiro Definitivo (Ser Humano), Hospedeiro Intermediário (Caramujo Biomphalaria glabrata), Sistema Porta-Hepático, Glicocálice, Ciclo Heteroxênico, Miracídio, Esporocisto, Cercária, Esquistossômulo, Dermatite Cercariana, Asscite, Esquistossomose Ectópica, Profilaxia, Educação Sanitária.
Esquistossomose: Uma Análise Detalhada
Introdução e Epidemiologia
A esquistossomose, também conhecida como barriga d'água ou xistose, é uma parasitose de grande relevância, tanto para exames vestibulares quanto para a saúde pública. A doença afeta aproximadamente 70 países, incluindo regiões da América do Sul, África e Ásia. Estima-se que entre 150 e 200 milhões de pessoas estejam infectadas globalmente, com cerca de 5 milhões de casos no Brasil. A esquistossomose é tratável e não contagiosa diretamente de pessoa para pessoa. A transmissão ocorre através do contato com água contaminada com fezes contendo ovos do parasita. A doença é mais prevalente em áreas com saneamento básico inadequado.
Agente Etiológico e Características
A esquistossomose é causada por vermes do filo Platelmintos, classe Trematoda. A espécie mais relevante no Brasil é o Schistosoma mansoni. Outras espécies importantes são o Schistosoma haematobium (África, ovos na urina) e o Schistosoma japonicum (Ásia). Os Schistosoma são dióicos, ou seja, possuem machos e fêmeas com dimorfismo sexual. O macho é menor (aproximadamente 1 cm) e mais robusto, enquanto a fêmea é mais comprida (aproximadamente 1,5 cm) e reside no canal ginecóforo do macho durante o acasalamento. Os vermes se nutrem de sangue.
Hospedeiros e Órgão de Eleição
O hospedeiro definitivo da esquistossomose é o ser humano (Homo sapiens), onde ocorre a reprodução sexuada do parasita. O hospedeiro intermediário é o caramujo do gênero Biomphalaria, principalmente a espécie Biomphalaria glabrata, onde ocorre a reprodução assexuada do parasita na fase larval. O órgão de eleição dos vermes adultos é o sistema porta-hepático, um conjunto de veias que ligam o intestino ao fígado. Durante a migração, os vermes podem passar pelos pulmões.
Mecanismos de Evasão Imunológica
Os Schistosoma possuem a capacidade de burlar o sistema imunológico do hospedeiro. Durante a migração pelo fígado, eles capturam glicocálice de células do corpo e incorporam em sua superfície, dificultando o reconhecimento e a destruição pelos mecanismos de defesa do organismo.
Ciclo de Vida do Parasita
O ciclo de vida do Schistosoma mansoni é heteroxênico, envolvendo dois hospedeiros:
- Eliminação de ovos: Uma pessoa infectada elimina ovos do parasita nas fezes. Os ovos possuem um espinho lateral característico.
- Eclosão do miracídio: Em contato com a água, o ovo libera o miracídio, uma larva ciliada.
- Infecção do caramujo: O miracídio é atraído por substâncias químicas liberadas pelo caramujo Biomphalaria e penetra ativamente no molusco.
- Reprodução assexuada no caramujo: Dentro do caramujo, o miracídio se transforma em esporocisto, que se multiplica assexuadamente, gerando cercárias.
- Liberação da cercária: As cercárias abandonam o caramujo e nadam livremente na água.
- Penetração na pele humana: A cercária penetra ativamente na pele humana, perdendo a cauda e se transformando em esquistossômulo.
- Migração e maturação: O esquistossômulo migra pela corrente sanguínea, passando pelo coração, pulmões e fígado, onde se desenvolve em verme adulto.
- Acasalamento e oviposição: Os vermes adultos migram para as veias mesentéricas inferiores, próximas ao intestino, onde acasalam. A fêmea deposita de 300 a 400 ovos por dia.
- Eliminação dos ovos: Os ovos perfuram a parede do intestino, causando inflamação e adelgaçamento dos vasos sanguíneos, e são eliminados nas fezes, reiniciando o ciclo.
A frase "nadou e depois coçou é porque pegou" é uma referência à esquistossomose, aludindo aos rios onde a transmissão ocorre e à coceira causada pela penetração das cercárias.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas da esquistossomose variam de acordo com a fase da infecção:
- Fase Aguda: Dermatite cercariana (coceira, vermelhidão), febre, diarreia, vômitos, tosse seca, dores intestinais. A intensidade dos sintomas depende do número de cercárias que penetram na pele.
- Fase Crônica: Asscite (barriga d'água), aumento do fígado e do baço. A asscite é causada pelo acúmulo de líquidos na cavidade abdominal devido à pressão nas veias.
Em casos raros, pode ocorrer esquistossomose ectópica, quando os esquistossômulos migram para outros órgãos, como o cérebro (neuroesquistossomose).
O diagnóstico é feito através de exame de fezes para detectar os ovos do parasita. Outros métodos incluem o ELISA e o exame clínico.
Profilaxia e Tratamento
A profilaxia da esquistossomose envolve medidas para interromper o ciclo de vida do parasita:
- Tratamento dos doentes: Elimina a fonte de ovos do parasita.
- Saneamento básico: Impede a contaminação da água com fezes.
- Combate ao caramujo: Reduz a população do hospedeiro intermediário.
- Educação sanitária: Informa a população sobre os riscos e medidas preventivas.
- Sinalização: Indica áreas de risco e proíbe o banho em rios contaminados.
- Vacinação: A Fiocruz está desenvolvendo uma vacina contra a esquistossomose, que poderá ser liberada em breve.
O tratamento da esquistossomose é feito com medicamentos como o praziquantel e oxamniquina, prescritos por um médico.
Conclusão
A esquistossomose é uma doença parasitária relevante, especialmente em regiões com saneamento básico precário. A compreensão do ciclo de vida do parasita e a implementação de medidas profiláticas são fundamentais para o controle e a prevenção da doença. O tratamento adequado com medicamentos específicos é eficaz na eliminação dos vermes adultos. A vacinação, em desenvolvimento, representa uma promissora ferramenta para o controle da esquistossomose.
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