BBC - A Cidade Perdida do Egito 1998/9

Key Concepts

Akhenaton, Nefertiti, Aton (disco solar), monoteísmo, Akhetaton (horizonte do disco solar), revolução religiosa, heresia, Tutancâmon, culto a Amon, túmulo real, vida após a morte, arte egípcia, hino a Aton.

A Cidade Perdida do Egito: Akhetaton e a Revolução Religiosa de Akhenaton

Descoberta e Identificação da Cidade Perdida

No Egito Central, em uma planície deserta entre Cairo e Luxor, arqueólogos descobriram as ruínas de Akhetaton, a cidade perdida de Akhenaton.
Os primeiros indícios foram encontrados em túmulos nos penhascos circundantes, com relevos de um rei e sua esposa cujos rostos e nomes foram apagados.
A identificação foi possível através de relevos em Akhetaton, que mostravam Akhenaton e Nefertiti.

Akhenaton e Nefertiti: O Casal Real Revolucionário

Akhenaton, faraó enigmático, considerado por alguns um visionário e por outros um herege.
Nefertiti, uma das mulheres mais belas e poderosas do mundo antigo, retratada em atitudes jamais vistas na realeza, como usando a coroa do faraó e atacando inimigos.
Akhenaton e Nefertiti governaram o Egito em meados do século 14 a.C., mas foram praticamente apagados da história.
Akhenaton não é mencionado na lista dos nomes dos reis do antigo Egito no templo de Abydos.

A Ruptura com o Culto a Amon e a Ascensão de Aton

Akhenaton abandonou o culto a Amon, o deus principal de Tebas, e adotou Aton, o disco solar, como o único deus verdadeiro.
Essa decisão chocou o influente exército de sacerdotes adoradores de Amon.
Akhenaton acreditava que o sol merecia ser reconhecido e promovido acima de todos os outros deuses.

A Fundação de Akhetaton: Uma Nova Capital para um Novo Deus

Akhenaton abandonou Tebas e fundou Akhetaton, a nova capital do império egípcio, em um local desolado no Egito Central.
Ele justificou sua decisão alegando ter encontrado o lugar de origem de Aton, onde o horizonte (akhet) era simbolizado pelo sol nascendo entre duas montanhas.
Akhetaton foi construída rapidamente, com templos, palácios e moradias, e se tornou um centro de arte e cultura.

A Arte de Akhetaton: Uma Nova Estética

A arte de Akhetaton era diferente de todas as outras do Egito antigo, com representações mais realistas e informais da família real.
Akhenaton era retratado com abdômen flácido e quadris largos, desafiando as convenções da arte egípcia.
As cenas nos túmulos mostravam a família real em momentos de intimidade, como jantando com a mãe ou trocando olhares afetuosos.

O Hino a Aton: A Primeira Expressão de Monoteísmo

Akhenaton compôs um hino a Aton, que é considerado a primeira expressão registrada de monoteísmo.
O hino é notavelmente similar a um Salmo da Bíblia, com referências à beleza e grandiosidade do sol e à criação da terra.
Akhenaton surge como um visionário religioso à frente de seu tempo, precursor dos grandes profetas do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo.

A Revolução Religiosa e a Reação do Povo

Akhenaton reformou os rituais religiosos, incluindo o povo na adoração a Aton.
Ele demarcou os limites da cidade com pedras e eixos definidos, transformando a cidade inteira em um templo.
No entanto, as escavações sugerem que o povo egípcio não aproveitou a oferta de Akhenaton, mantendo a adoração aos deuses tradicionais.

A Exaltação do Rei e a Nova Visão da Vida Após a Morte

Akhenaton mudou a posição do rei, aspirando a um status mais elevado e se apresentando como uma figura divina.
Ele construiu seu túmulo real a 6 km a leste de Akhetaton, no vale que se assemelhava ao sagrado akhet, o horizonte do disco solar.
Akhenaton revolucionou a visão da vida após a morte, acreditando que a alma do faraó se levantaria em unidade com Aton, dispensando a jornada pelo mundo dos mortos para encontrar Osíris.

A Destruição dos Deuses e a Reação Violenta

Akhenaton decretou a destruição de todos os deuses do Egito, apagando seus nomes e destruindo seus santuários.
O alvo principal foi Amon, cujas estátuas e inscrições foram danificadas.
Um clima de temor abateu-se sobre o país, e a palavra "Amon" foi censurada.

O Fim do Reinado e o Apagamento da Memória

Após 17 anos de reinado, Akhenaton desapareceu da história, e ninguém sabe o que aconteceu com ele.
O túmulo real foi encontrado vazio, e sua memória foi apagada pelas dinastias posteriores.
A cidade de Akhetaton foi destruída pedra por pedra, restando apenas as paredes internas de tijolos.

Tutancâmon e a Restauração do Culto a Amon

Tutancâmon, o menino-rei, sucedeu Akhenaton e tomou a decisão de restaurar o culto a Amon.
Ele mudou seu nome de Tutankhaton para Tutankhamon e liderou o Egito de volta à normalidade religiosa.
A restauração foi liderada pelo oficial Ai, pai de Nefertiti, que renovou o culto a Amon.

O Túmulo 55 e o Mistério dos Restos Mortais

Em 1907, escavadores descobriram um estranho túmulo real em Luxor, o túmulo 55, que datava do período de Tutancâmon.
O sarcófago foi encontrado destruído, e a máscara havia sido apagada.
Dentro do sarcófago, foram encontrados o crânio e os ossos de um homem adulto.
Especialistas acreditam que os restos mortais pertencem a Akhenaton, e que ele foi transportado para Tebas após a capital de Amarna ser abandonada.

Legado e Influência

Apesar de ter sido apagado da história, o conceito de um só Deus verdadeiro ressurgiu séculos mais tarde nas revelações de Moisés.
A experiência religiosa de Akhenaton pode ter se tornado pó, mas o sonho de uma cidade santa para o único Deus verdadeiro jamais feneceu.

Conclusão

A história de Akhenaton e Akhetaton é um dos episódios mais traumáticos e fascinantes da história do Egito. A revolução religiosa de Akhenaton, com sua crença em um único Deus e sua busca por uma nova forma de arte e cultura, abalou as fundações do império egípcio e deixou um legado duradouro na história da religião e da arte. Apesar de ter sido apagado da história, Akhenaton continua a intrigar e inspirar estudiosos e entusiastas da história antiga.